Os Pensadores
Hoje dia 30 de junho de 2014, completa 12 anos da morte do médium
Chico Xavier.
O médium morreu aos 92 anos
de idade, em decorrência de parada cardiorrespiratória, no dia 30 de junho do
ano de 2002. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico dizia que
iria "desencarnar" em um dia em que os brasileiros estivessem muito
felizes e em que o país estivesse em festa, para assim o desencarne dele não
causar tristeza. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol
daquele ano, no dia de seu falecimento (Chico morreu cerca de nove horas depois
da partida Brasil x Alemanha).
O então presidente do
Brasil, Fernando Henrique Cardoso, emitiu nota sobre a morte do médium:
"Grande líder espiritual e figura querida e admirada pelo Brasil inteiro,
Chico Xavier deixou sua marca no coração de todos os brasileiros, que ao longo
de décadas aprenderam a respeitar seu permanente compromisso com o bem estar do
próximo". O então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, decretou luto
oficial de três dias no Estado e declarou: "Chico Xavier expressava em sua
face uma imensa bondade, reflexo de sua alma iluminada, que transparecia,
particularmente, em sua dedicação aos pobres, imagem que vou guardar para
sempre, com muito carinho".
Segundo a Polícia Militar
de Minas Gerais, 120.000 pessoas compareceram ao velório do médium, que aconteceu
em Uberaba nos dias 01 e 02 de Julho. Em um caminhão do Corpo de Bombeiros, o
caixão com o corpo do médium percorreu 5km até chegar ao Cemitério São João
Batista (também em Uberaba) e mais de 30 mil pessoas acompanharam o cortejo a
pé. Quando o caixão chegou ao cemitério, foi recebido com uma chuva de pétalas
de 3 mil rosas lançadas em profusão de um helicóptero da Polícia Rodoviária
Federal.
Os centros espíritas
fundados por Chico Xavier, "Casa da Prece" e "Comunhão Espírita
Cristã" em Uberaba e "Centro Espírita Luíz Gonzaga" em Pedro
Leopoldo, continuam funcionando e realizando muitas assistências de caridade.
Sua Historia...
Em 2014, o Ministério Público Federal de Uberaba, em Minas Gerais,
firmou um acordo com o filho adotivo do médium Chico Xavier, Eurípedes Higino,
que prevê a proteção e catalogação do acervo do médium.
Francisco de Paula Cândido, mais conhecido como Chico Xavier (Pedro
Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), foi um médium,
filantropo e um dos mais importantes divulgadores do Espiritismo. Seu nome de
batismo, Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu
nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo
que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966,
quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos. Através de sua
mediunidade, psicografou 468 livros, tendo vendido mais de 50 milhões de
exemplares8 e sendo o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da
história, mas sempre cedeu todos os direitos autorais dos livros, em cartório,
para instituições de caridade. Também psicografou cerca de dez mil cartas,
nunca tendo cobrado algo ao destinatário. Seus empregos foram vendedor,
operário fabril e datilógrafo.
Chico Xavier vem recebendo grandes homenagens no Brasil e em outros
países, por exemplo: Em 1981 e 1982 foi indicado ao prêmio Prêmio Nobel da
Paz,14 tendo seu nome conseguido cerca de 2 milhões de assinaturas no pedido de
candidatura;15 em 2000, foi eleito o "Mineiro do Século XX", em um
concurso realizado pela Rede Globo Minas, tendo vencido com 704.030 votos16 e
em 2012 foi eleito o O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, em concurso
homônimo realizado pelo SBT e pela BBC, cujo objetivo foi "eleger aquele
que fez mais pela nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade".
Nascido no seio de uma família humilde, era filho de João Cândido
Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus, uma dona
de casa católica. Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico teria se
manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao
pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia
ver e ouvir os espíritos e conversar com eles.
Os abusos da madrinha
A mãe faleceu quando Francisco tinha apenas cinco anos de idade.
Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos
dois anos seguintes, Francisco foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua
mãe, Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina
e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde,
sob a alegação de que o "menino tinha o diabo no corpo".
Não se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita
passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os
retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos
de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se
comunicava desde os cinco anos de idade. O menino viu-a após uma prece, junto à
sombra de uma bananeira no quintal da casa. Nesses contatos, o espírito da mãe
recomendava-lhe "paciência, resignação e fé em Jesus".
A madrinha ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de
uma ferida incurável na perna. Rita decidiu seguir a simpatia de uma
benzedeira, que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três
sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno Francisco.
Revoltado com a imposição, Francisco conversou novamente com o espírito da mãe,
que o aconselhou a "lamber com paciência". O espírito explicou-lhe
que a simpatia "não é remédio, mas poderia aplacar a ira da madrinha",
esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os espíritos se encarregariam
da cura da ferida. De fato, curada a perna de Moacir, Rita de Cássia melhorou o
tratamento dado a Francisco.
A madrasta
O seu pai casou-se novamente e a nova madrasta, Cidália Batista,
exigiu a reunião dos nove filhos. Francisco tinha então sete anos de idade. O
casal teve ainda mais seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi
matriculado na escola pública. Nesse período, o espírito de Maria João parou de
manifestar-se. O jovem Francisco, para ajudar nas despesas da casa, começou a
trabalhar vendendo os legumes da horta da casa.
Na escola, como na igreja, as faculdades paranormais de Francisco
continuaram a causar-lhe problemas. Durante uma aula do 4º ano primário,
afirmou ter visto um homem, que lhe ditou as composições escolares, mas ninguém
lhe deu crédito e a própria professora não se importou. Uma redação sua ganhou
menção honrosa num concurso estadual de composições escolares comemorativas do centenário
da Independência do Brasil, em 1922. Enfrentou a descrença de colegas, que o
acusaram de plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a
provar os seus dons, Francisco submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação
(com o auxílio de um espírito) sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso,
o que realizou com êxito.
A madrasta Cidália pediu a Francisco que consultasse o espírito da
falecida mãe dele sobre como evitar que uma vizinha continuasse a furtar
hortaliças e esta lhe disse para torná-la responsável pelo cuidado da horta,
conselho que, posto em prática, levou ao fim dos furtos. Assustado com a
mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo.
O padre Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a
internação, tratando-se apenas de "fantasias de menino". Scarzelli
simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe as leituras (tidas como
motivo para as fantasias) e a colocá-lo no trabalho. Francisco, então,
ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi submetido à
rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas para o resto da
vida.
No ano de 1924, terminou o antigo curso primário e não mais voltou
a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em
horários extensos. Apesar de ainda católico devoto e das incontáveis
penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não parou de ter
visões e nem de conversar com espíritos.
O contato e a adesão à Doutrina Espírita
Centro Espírita Luíz Gonzaga (2008).
Em 1927, então com dezessete anos de idade, Francisco perdeu a
madrasta Cidália e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser
causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo, Francisco
iniciou-se no estudo do Espiritismo. Logo deixou de ser católico e se tornou
espírita convicto.
No mês de maio desse mesmo ano, recebeu nova mensagem de sua mãe,
na qual lhe era recomendado o estudo das obras de Allan Kardec e o cumprimento
de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em
um simples barracão de madeira de propriedade de seu irmão. Em julho, por
orientação dos espíritos benfeitores, iniciou-se na prática da psicografia,
escrevendo dezessete páginas. Nos quatro anos subsequentes, aperfeiçoou essa
capacidade embora, como relata em nota no livro Parnaso de Além-Túmulo, ela
somente tenha ganho maior clareza em finais de 1931.
Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos
poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em 1928, começou a
publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos O Jornal, do
Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias, de Portugal.
As primeiras obras
Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra Parnaso
de Além-Túmulo. Esse ano, que marca a "maioridade" do médium, é o ano
do encontro com seu mentor espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma
árvore, na beira de uma represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor
informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros e
explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: "disciplina,
disciplina e disciplina".
Severo e exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a
Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o
médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publius Lentulus,
posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo e que, em
reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à
evangelização do Brasil.
Em 1932, foi publicado o Parnaso de Além-Túmulo pela Federação
Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos
de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto à imprensa
e à opinião pública brasileira e causou espécie entre os literatos brasileiros,
cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O
impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um
"modesto escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que
mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a
não responder aos críticos.
Os direitos autorais das suas obras são concedidos à instituições
de caridade. Nesse período, inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil
de Freitas. Ainda nesse período, descobriu ser portador de uma catarata ocular,
problema que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos seus mentores,
Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da
medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos.
Continuou com o seu emprego de escrevente-datilógrafo na Fazenda Modelo
da Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, iniciado em
1935 e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos
necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. O
administrador da fazenda era o engenheiro agrônomo Rômulo Joviano, também
espírita, que além de conseguir o emprego para Chico, o ajudava a ter a paz
necessária para os trabalhos de psicografia, além de acompanhar as sessões do
Centro Luiz Gonzaga, do qual se tornaria presidente. Foi justamente no período
em que psicografava nos porões da casa de Joviano que foi escrita uma de suas
maiores obras, intitulada Paulo e Estevão. Paralelamente, iniciou uma longa
série de recusas de presentes e distinções, que perdurará por toda a vida, como
por exemplo a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em testamento,
repassada pelo médium à FEB para uso caridativo.
Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam
desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos
espirituais buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações. Souto Maior
relata uma tentativa de "linchamento pelos espíritos", bem como um
episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos
os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada "prova",
comum em histórias de santidade.
“Ah... Mas quem sou eu
senão uma formiguinha, das menores, que anda pela Terra cumprindo sua
obrigação.” Chico Xavier
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