UNIVERSIDADE NORTE DO
PARANÁ
UNOPAR VIRTUAL – POLO
NOVA LIMA/MG
TECNOLOGO EM GESTÃO
AMBIENTAL
“Minas de Águas Gerais”
A exploração mineral e os recursos naturais
Aspectos legais da gestão ambiental e suas aplicações e os principais
impactos
ambientais que afetam
a região.
EDUARDO SANTANA
EMILIANO AUGUSTO
Nova Lima/MG
2014
“Só engrandecemos o
nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadãos do mundo”.
Mahatma Gandhi
|
Introdução
Conhecidas pelas belas
montanhas e tranquilidade que trazem estas cidades mineiras, que estão em uma
grande área de proteção ambiental criada pelo COPAM (Conselho Estadual de
Politica Ambiental), por intermédio da então Câmara de Defesa de Ecossistemas,
com o objetivo de preservação já que é uma área com grande vocação para as
mineradoras. O Estabelecimento da APA SUL RMBH, pelo Decreto Estadual 35.624,
de oito de junho de 1994. O Decreto contemplou, em partes ou totalidade do
território, o município de Belo Horizonte, Ibirité, Novo Lima, Brumadinho,
Caeté, Raposos, Rio Acima, Itabirito e Santa Barbara. Em 26 de julho de 2001 com uma
Lei Estadual n° 13.960 declara que além destes municípios citados no Decreto
35.624/1994, os municípios de Barão de Cocais, Catas Altas, Mário Campos e
Sarzedo integram a APA SUL.
Na APA SUL estão presentes duas bacias hidrográficas as
do Rio São Francisco e a do Rio Doce que correspondem por aproximadamente 70%
da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.
Mas para ser mais especifico vamos trabalhar com apenas três destes municípios,
por ser uma área menor, mas de tamanha importância neste bioma. Todos os três
tem o mesmo bioma a mata atlântica, em uma área de aproximadamente 731,044 km²
e uma população estimada (2014) de 117.000 mil habitantes com uma densidade
demográfica de 164,08. Nosso clima é tropical de altitude com média de temperatura anual de 22°C , cercados por serras e
montanhas como: A Serra da Calçada, que emoldura o município de Nova Lima/MG,
"é um dos mais bonitos cartões-postais da Região
Metropolitana de BH”, assim como a Serra do Espinhaço que hoje compõe a
“Serra do Gandarela” em Rio Acima. O Ribeirão das pratas e O Poço do Brumado
são algumas das atrações de Raposos, aguas de excelentíssimas qualidade e
pureza, sem contar as dezenas de nascentes. Estas riquezas estão em perigo, tanto
pelo crescimento não planejados quanto pelas mineradoras que hoje são os grandes depredadores da região
das aguas, o circuito do Ouro conhecido também por quadrilátero ferrífero,
assim como também a especulação imobiliária, os resíduos sólidos e nosso bem
maior e comum a água.
Mesmo hoje, vemos São Paulo (Capital)
o transtorno que está com a barragem em níveis baixíssimos, já mostra sinais de
alerta, preservar é melhor que remediar.
Depredações e as Mineradoras
A mineradora Anglo Gold também conhecida como Morro Velho
e a Vale (ex. Vale do Rio Doce) é um dos maiores causadores de dano hoje ao
meio ambiente na região. Mas temos grandes problemas como os resíduos sólidos,
poluição industrial e desmatamento. Mesmo dentro de uma área protegida (APA
SUL), os ataques são constantes, a Vale apresentou há uns anos atrás um projeto
gigantesco chamado de APOLO. Neste projeto serão gerados outros 2,2 mil
empregos aproximadamente, aumentando a produção de minério de ferro da Vale em
Minas Gerais em 46 milhões de toneladas por ano. Com um investimento total de
R$ 9,4 bilhões, os recursos somam o segundo maior investimento da Vale em Minas
Gerais desde a implantação da Mina de Brucutu, em outubro de 2006. Os projetos
abrangem sete municípios: Itabira, Itabirito, Barão de Cocais, Caeté, Raposos,
Rio Acima e Santa Bárbara. Os recursos estão distribuídos em três
empreendimentos: a Mina Apolo e as usinas Conceição-Itabiritos e Vargem
Grande-Itabiritos.
Além dos grandes impactos a meio
ambiente, será construída também uma barragem de rejeitos com que terá um
volume estimado de 386 m³, irá interromper o fluxo natural do Ribeirão da
Prata. De acordo com o Projeto, a construção pretende ser pioneira no gênero,
uma vez que será a primeira do mundo instalada dentro de um ribeirão. A água é
um dos recursos naturais mais atingidos pelas mineradoras que usam para a
lavagem do minério. Em Nova Lima, a Lagoa do Miguelão as margem da BR 040 está
secando, o que esta sendo feito para evitar esta dano e quais as medidas
compensatórias? Quando a questão envolve muitos recursos parece que nossos
governantes fecham os olhos para as leis ambientais e para o bem comum.
A Especulação Imobiliária
Antes, casas em condomínios e luxuosos edifícios
residenciais. Agora, lojas, shoppings e prédios de escritórios de alto padrão.
A região de Nova Lima, que faz divisa com a Zona Sul de Belo Horizonte,
registra uma expansão imobiliária na área comercial que teve início no ano
passado e ganhou força nos últimos meses. Alguns dos empreendimentos de maior
porte ficam entre os bairros Vila da Serra e Vale do Sereno. Mas as obras
pipocam pelas margens da BR-040 e da MG-030, que passam pelo município. Serão
milhões de reais em investimentos feitos em projetos que começam a sair do
papel e virar realidade. Em consequência
desta “explosão imobiliária”, vem o aumento da população, do consumo e dos
resíduos.
Nenhum estudo de impacto foi feito ainda, a região está
dentro da área de preservação ambiental (APA SUL), possui um bioma raro e
muitas nascentes. Um bairro expandido, mas sem planejamento sustentável.
Por se tratar de lugarejos e vilas muito antigas era de
costume construir os povoados muito próximos de rios ou ribeirões. Esse também
é um dos grandes problemas atuais, pois com o crescimento as margens dos rios,
houve o desmatamento das matas ciliares fazendo com que esses rios fossem
assoreados. Também as cheias causam grandes transtornos para estas três cidades
principalmente, Raposos, lama, doenças, bens materiais e muito transtorno
acompanha a população ribeirinha por anos. Com o desmatamento das matas
ciliares e nativa deixaram e ainda causam grandes erosões, assim como lixo, e
varias construções irregulares no leito do rio e o esgoto sanitário está
acabando com os rios e as nascentes que mantem ele vivo.
A
água em “cheque”
Projeto Mina APOLO – Vale, já teve o
licenciamento do Governo do Estado, mas está faltando ainda o licenciamento
ambiental, um dos empecilhos é o projeto do Parque Nacional Serra da Gandarela.
O risco que se corre com a exploração do
Quadrilátero Ferrífero até a sua exaustão é acabar com esses mananciais, que
podem ser considerados patrimônios das "Minas de Águas Gerais", apelido que tem sido dado ao
Estado pelos amantes de sua natureza. Com base nestes aspectos da água e do
bioma atlântico raro, ambientalistas estão defendendo a criação do parque. O
município de Rio Acima/MG, por meio do Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural e Natural, tornou publico o tombamento da região denominada “Serra do
Gandarela”, localizado na zona rural do Município, por seu valor histórico,
arqueológico, paisagístico e cultural, passando a gozar de proteção por meio do
Tombamento Municipal, sob os efeitos previstos na Lei Municipal 2433/2010 e no
art. 216 da CR/88 à medida impactará as pretensões da Vale de implantar na área
da serra o projeto Apolo.
O Ministério
do Meio Ambiente esta avaliando a criação do parque, mas em primeiro momento
queria a conciliação dos dois, mas como a Vale requer uma área maior do que
proposto pelo ministério não houve acordo, pois ela esta alegando que a área
proposta seria inviável para o projeto.
Apesar de existirem normas
ambientais para a realização das atividades mineiras, as áreas exploradas
sofrem modificações irreversíveis. A abertura de imensas crateras para a
extração mineral altera o relevo e retira a cobertura vegetal, podendo causar
grandes erosões. Depois de exploradas, algumas áreas são abandonadas sem o
devido cumprimento das normas ambientais.
Em todas as etapas da extração mineral
(pesquisa, lavra, beneficiamento, infraestrutura, etc.) é consumido um grande
volume de água. Esse aspecto é preocupante, visto que a água é um bem essencial
para a manutenção da vida na Terra e deve ter seu consumo racionalizado,
garantindo, assim, água em quantidade e qualidade para as outras gerações.
Outro grande problema é os de saúde como: problemas respiratórios são muito
comuns (asma, bronquite, entre outros), pois os mineiros ficam expostos aos
resíduos oriundos da mineração, tais como pó do carvão, poeira de monóxido de
ferro, amianto, mercúrio, etc.
Conforme o documento “Diretrizes Ambientais para o Setor
Mineral” (MMA, 1997), em termos técnicos, a atividade de extração mineral que é
definida como “mineração” propriamente dita engloba as atividades de pesquisa,
lavra e beneficiamento de minerais, e se caracteriza pela existência de um plano de
aproveitamento econômico de um corpo mineral conhecido. A atividade assim
definida compreende três etapas, que correspondem à implantação, operação e
desativação. Neste sentido, a mineração configura-se como uma forma de “uso
temporário do solo”.
Mas
de acordo com a Constituição Federal (1988) no art. 225 § 4°, o texto é
totalmente a favor da preservação.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a
Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
dos recursos naturais.
O
problema das aguas é muito antigo, mas atualmente em São Paulo capital
e sua região metropolitana hoje têm cerca de 19 milhões de habitantes e uma
densidade de 175,91 hab./km². O
sistema Cantareira é o maior da RM, sua Estação de Tratamento de Água (ETA)
trata 33 mil litros de água por segundo e atende 8,1 milhões de pessoas. Com
todos os aparatos tecnológicos que se tem hoje, e faltaram investimentos dos
governos para evitar, ou melhor, amenizar tal situação vivida pela população
paulistana. Neste ano
(2014), vemos a pior seca já registrada na região sudeste do Brasil, Estados
como: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, a mais castigada, e Espirito
Santo vão desde o excesso das águas com inundações a seca que levou o Governo
do Estado de São Paulo para garantir o abastecimento da população pelo sistema
Cantareira, que está no seu menor índice hoje cerca de 8,2% da sua capacidade
de armazenamento retirar agua do chamado volume morto. Será que e isso que
queremos para Minas Gerais? As
mineradoras, o crescimento desordenado e a poluição têm acabados com as águas,
mas o que estamos fazendo e o que temos que aprender com o que esta acontecendo
na Capital Paulistana? O crescimento a qualquer custo ou preservar o bem maior
que temos os recursos hídricos?
Dados do Ministério das
Cidades, levantados em 2011, mostram que 36 milhões de brasileiros não tinham
água tratada, e que somente 48,1% da população contavam com coleta de esgoto.
Segundo o ITB, o déficit de moradias sem acesso a esgoto era de 26,9 milhões,
em 2012.
Preservar é a solução, o projeto Serra da Gandarela vem com
esta proposta de preservar esta área que tem grande importância hídrica e
biológica estar para ser votado. Revitalizar e remanejar pessoas em áreas de
riscos, reflorestar e incentivar a reciclagem assim causando menos danos ao
meio ambiente garantindo um futuro melhor para as próximas gerações. Um estudo
recente da revista Science (julho de 2000) mostrou que aproximadamente dois
bilhões de habitantes enfrentam a falta de água no mundo. Em breve poderá
faltar água para irrigação em diversos países, principalmente nos mais pobres.
Os continentes mais atingidos pela falta de água são: África, Ásia Central e o
Oriente Médio. Entre os anos de 1990 e 1995, a necessidade por água doce
aumentou cerca de duas vezes mais que a população mundial. Isso ocorreu provocado
pelo alto consumo de água em atividades industriais e zonas agrícolas.
Infelizmente, apenas 2,5% da água do planeta Terra são de água doce, sendo que
apenas 0,08% estão em regiões acessíveis ao ser humano.
Em
função destes problemas, os governos preocupados, tem incentivado a exploração
de aquíferos (grandes reservas de água doce subterrânea). Na América do Sul,
temos o Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo e ainda pouco utilizado.
Grande parte das águas deste aquífero situa-se em subsolo brasileiro.
Problemas
gerados pela poluição das águas
Estudos da Comissão Mundial de Água e de outros
organismos internacionais demonstram que cerca de três bilhões de habitantes em
nosso planeta estão vivendo sem o mínimo necessário de condições sanitárias. Um
milhão não tem acesso à água potável. Em virtude desses graves problemas,
espalham-se diversas doenças como diarreia, esquistossomose, hepatite e febre tifoide,
que matam mais de cinco milhões de seres humanos por ano, sendo que um número
maior de doentes sobrecarregam os precários sistemas de saúde destes países.
Soluções
Com o objetivo de buscar soluções para os problemas dos
recursos hídricos da Terra, foi realizado no Japão, em março de 2003, o III
Fórum Mundial de Água. Políticos, estudiosos e autoridades do mundo todo
aprovaram medidas e mecanismos de preservação dos recursos hídricos. Estes
documentos reafirmam que a água doce é extremamente importante para a vida e
saúde das pessoas e defende que, para que ela não falte no século XXI, alguns
desafios devem ser urgentemente superados: o atendimento das necessidades
básicas da população, a garantia do abastecimento de alimentos, a proteção dos
ecossistemas e mananciais, a administração de riscos, a valorização da água, a
divisão dos recursos hídricos e a eficiente administração dos recursos hídricos.
Embora muitas soluções sejam buscadas em esferas governamentais e em congressos
mundiais, no cotidiano todos podem colaborar para que a água doce não falte. A
economia e o uso racional da água devem estar presentes nas atitudes diárias de
cada cidadão. A pessoa consciente deve economizar, pois o desperdício de água
doce pode trazer drásticas consequências num futuro pouco distante.
Conclusões
A
água é um bem comum a todos, direito Constitucional, mas as depredações e danos
aos recursos hídricos e naturais são constantes. Mas Atitude é o que falta cada
cidadão tem que fazer sua parte preservando o ambiente que vivemos. Existe hoje
avanças leis ambientais, mas tem que ser colocada em prática, fazendo valer
nossos direitos e obrigações. O que podemos dizer que apesar de tantas leis
tantas informações ainda a depredação e grande e o planeta já dá sinais de
alertas. As explorações um dia terão fim, já o ambiente preservado é pra
sempre.
“A
Águas de Minas” esta cada vez, mas escassa como vemos no norte de Minas o
padecer das famílias que ali moram, esta é uma realidade próxima. Vivemos a era
da informação do dito conectado, mas atitude ainda é zero. Preservar é
necessário para manter o ecossistema equilibrado e harmônico hoje e para
futuras gerações.
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França, Júnia Lessa. Manual
para Normalização de Publicações Técnico-cientificas. 5°ed. Belo Horizonte:
UFMG, 2001.
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