RAFAEL TOMAZ
A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) poderá se
tornar um dos mais importantes centros tecnológicos do país nos próximos anos.
Projetos e investimentos bilionários em andamento deverão impulsionar setores
de alto valor agregado na região como, por exemplo, o de tecnologia da
informação (TI) e o de fabricação de componentes eletrônicos.
Um dos marcos para essa possível
mudança no perfil econômico da região é a atração dos investimentos da
Companhia Brasileira da Semicondutores (CBS), em Ribeirão das Neves, e da gigante chine s a Foxconn. Somente as duas empresas poderão render aportes de aproximadamente US $ 3 bilhões, além da geração de
centenas de empregos.
Companhia Brasileira da Semicondutores (CBS), em Ribeirão das Neves, e da gigante chine s a Foxconn. Somente as duas empresas poderão render aportes de aproximadamente US $ 3 bilhões, além da geração de
centenas de empregos.
A CBS e a Foxconn deverão ter um sócio em comum, segundo o
empresário Eike Batista. Durante evento realizado no mês passado na capital
mineira, ele afirmou que a RMBH poderá ser um dos “vales do silício” do Brasil,
em uma analogia à região da Califórnia, nos Estados Unidos, onde se concentra
as maiores empresas tecnológicas do planeta.
Conforme o megaempresário, um dos fatores que atraiu a
atenção da Foxconn, que ainda não bateu o martelo quanto aos aportes no Estado,
é a boa disponibilidade mão de obra verificada na região. Eike Batista destacou
a formação de profissionais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
que poderá atender aos empreendimentos.
Além dos investimentos vultosos de grandes companhias, o
desenvolvimento do segmento de TI é também uma aposta para que a região se
transforme em um “Vale do Silício” brasileiro. Um projeto em andamento
denominado “BH TI 2022” pretende tornar Belo Horizonte a capital da tecnologia
da informação nos próximos 10 anos.
O projeto foi idealizado pelas entidades que representam
as empresas do setor — Fumsoft, Associação rasileira das Empresas de Tecnologia
da Informação de Minas Gerais (Assespro-MG) e Sindicato das Empresas de
Informática de Minas Gerais (Sindifor-MG). Também estão envolvidos a Secretaria
de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG) e a Fundação Dom
Cabral (FDC).
Marco — O
superintendente da Fumsoft, Márcio Tibo, explicou que ainda estão sendo feitos
os estudos preliminares. Apesar disso, segundo ele, já foram identificados
alguns pontos nos quais o projeto deverá se basear. Entre eles, está a
necessidade de se criar um marco regulatório para o setor com a adoção e
políticas que fomentem as empresas de TI. “Além disso, elas precisam estar em
condições de competir com os concorrentes internacionais”, afirma.
Outro ponto destacado pelo superintendente da entidade é a
necessidade de aumentar a capacidade de formação de mão de obra qualificada.
“Isso precisa ocorrer tanto no nível técnico quanto superior”, diz. O projeto
preliminar também prevê a implantação de um centro empresarial para o setor de
TI.
Na RMBH estão instaladas cerca de 5 mil empresas de TI,
que empregam 17 mil profissionais. O faturamento médio anual na região é de R$
1,6 bilhão, conforme informações da Fumsoft.
Minas Gerais é o terceiro maior polo de tecnologia da
informação do país, atrás de Rio de Janeiro e São Paulo. Os 8 mil
estabelecimentos instalados no Estado geram uma receita anual de
aproximadamente R$ 2,3 bilhões. O montante representa cerca de 5% do
faturamento do setor no país, algo em torno de R$ 48 bilhões.
Centro de pesquisa é essencial
A formação de um polo tecnológico também depende da
atração de investimentos em centros de pesquisas e desenvolvimento (P&D),
que além de adicionar valor à economia mineira poderá melhorar a
competitividade de setores importantes para o Estado, como siderurgia, mineração
e indústria automotiva, através da inovação tecnológica.
De acordo com o secretário-adjunto da Secretaria de Estado
de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), Evaldo Ferreira Vilela, o
governo estadual mantém um projeto para garantir novos investimentos neste
segmento, denominado Programa de Atração de P&D. “Somente a secretaria irá
investir R$ 30 milhões em 2012”, informa.
Além da Sectes, o projeto engloba a atuação da Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG). Com os recursos, segundo ele, o Executivo apoia a implantação de novas
empresas voltadas para a inovação. Um dos exemplos, conforme ele, está a chegada
da indiana Infosys na capital mineira. A empresa é uma das maiores do mundo no
ramo de softwares.
BHTec — O Parque
Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), instalado na região da Pampulha, que
deverá ser um dos vetores de crescimento de setores tecnológicos na Região
Metropolitana de elo Horizonte (RMBH). O centro irá abrigar empresas e
instituições voltadas para a inovação tecnológica e deverá totalizar
investimentos de R$ 600 milhões.
A sede do parque, orçada em R$ 28 milhões, foi inaugurada
recentemente. Com área de 7,5 mil metros quadrados, no edifício-sede estão
instaladas ou em processo de instalação 16 empresas, que juntas vão gerar 300
empregos diretos.
No prédio funcionam também a diretoria executiva do BHTec,
um miniauditório com 40 lugares, quatro salas de reuniões, cafeteria e
estacionamento . Além do governo do Estado, os outros parceiros são a
Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), UFMG, Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (Fiemg) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas
Gerais (Sebrae-MG). Um dos primeiros empreendimentos instalados no parque é a
Siteware, que atua na área de software. Conforme o diretor da empresa, Marcello
Ladeira, além os itens já oferecidos, a empresa emprega recursos para
desenvolvimento de novos produtos.
Entre os pontos positivos destacados pelo empresário está
o crescimento da economia, que vem impulsionando o ramo de software nos últimos
anos. Ele explica que este segmento é voltado para o mercado interno e, apesar
do cenário adverso na economia global, a continuidade do incremento no país
resultou no fomento dos negócios. (RT)
Gargalos ainda precisam ser eliminados
Apesar das perspectivas de desenvolvimento de setores de
alta tecnologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) nos próximos
anos, diversos gargalos ainda precisam ser eliminados para impulsionar as
empresas, principalmente no segmento de tecnologia da informação (TI).
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de
Tecnologia da Informaçãode Minas Gerais (Assespro-MG), Ian Santos, alerta para
a necessidade de incentivos ao setor na região, que está sendo engolido por
grandes companhias sediadas em outros estados e até mesmo estrangeiras.
O presidente da entidade explica que as empresas mineiras
se destacam pela elevada competência técnica. Porém, o perfil desses
empreendimentos é basicamente de pequenas e médias empresas, o que resulta em
uma menor competitividade em relação as maiores. Dessa forma, segundo ele, é
necessário um processo de consolidação para fortalecer o setor.
De acordo com ele, de certa forma,
esse processo já está ocorrendo, mas está fortalecendo somente empresas
sediadas em outros estados, principalmente São Paulo, que estão adquirindo os negócios estabelecidos em Minas. Após a aquisição, geralmente, a sede destes empreendimentos são levados embora, resultando em menor geração de empregos e arrecadação de impostos em Minas.
sediadas em outros estados, principalmente São Paulo, que estão adquirindo os negócios estabelecidos em Minas. Após a aquisição, geralmente, a sede destes empreendimentos são levados embora, resultando em menor geração de empregos e arrecadação de impostos em Minas.
Para mudar esse cenário, Santos defende uma maior
articulação do segmento para conseguir incentivos isando o fomento do setor de TI
. Conforme ele, o governo estadual, por exemplo, apesar de sinalizar apoio, não
vem investindo no crescimento destas empresas.
Crédito — Outra
questão levantada pelo presidente da Assespro é a necessidade de crédito para
que os empresários invistam em seus negócios. Conforme Santos, as garantias
exigidas pelas instituições financeiras inviabilizam o acesso às linhas de
financiamento por parte dos estabelecimentos menores.
“O que a gente precisa mesmo é de capital de risco, a
exemplo do que ocorre no Vale do Silício”, afirma. Na região da Califórnia,
grande parte dos recursos são disponibilizados por investidores que aguardam a
aturação do negócios para vendê-los, conseguindo elevadas margens de lucro.
Por outro lado, Santos destaca que mesmo com as
dificuldades o setor consegue manter um crescimento significativo, em uma média
de 10% ao ano. “Mas poderíamos registrar índices de até 30%, afirma.
A analista do Serviços de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Márcia Valéria Cota Machado, destaca
também a necessidade de solucionar gargalos estruturais verificados em Minas
Gerais para fomentar o crescimento. Entre eles está a falta de incentivos
fiscais.
Por outro lado, ela informa que a Câmara Municipal de Belo
Horizonte está estudando ações para fomentar o setor. A analista explica que a
capital mineira poderá contar com incentivos similares ao verificados em outras
capitais brasileiras, como, por exemplo, Recife (PE) e Porto Alegre (RS). (RT)
Fonte: Diário do Comércio – Economia – 9 a 11 de junho de
2012
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