segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tecnológia Na RMBH


 
Região poderá se tornar um dos mais importantes centros de TI do país nos próximos anos
RAFAEL TOMAZ
A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) poderá se tornar um dos mais importantes centros tecnológicos do país nos próximos anos. Projetos e investimentos bilionários em andamento deverão impulsionar setores de alto valor agregado na região como, por exemplo, o de tecnologia da informação (TI) e o de fabricação de componentes eletrônicos.






Um dos marcos para essa possível mudança no perfil econômico da região é a atração dos investimentos da
Companhia Brasileira da Semicondutores (CBS), em Ribeirão das Neves, e da gigante chine s a Foxconn. Somente as duas empresas poderão render aportes de aproximadamente US $ 3 bilhões, além da geração de
centenas de empregos.
A CBS e a Foxconn deverão ter um sócio em comum, segundo o empresário Eike Batista. Durante evento realizado no mês passado na capital mineira, ele afirmou que a RMBH poderá ser um dos “vales do silício” do Brasil, em uma analogia à região da Califórnia, nos Estados Unidos, onde se concentra as maiores empresas tecnológicas do planeta.
Conforme o megaempresário, um dos fatores que atraiu a atenção da Foxconn, que ainda não bateu o martelo quanto aos aportes no Estado, é a boa disponibilidade mão de obra verificada na região. Eike Batista destacou a formação de profissionais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que poderá atender aos empreendimentos.
Além dos investimentos vultosos de grandes companhias, o desenvolvimento do segmento de TI é também uma aposta para que a região se transforme em um “Vale do Silício” brasileiro. Um projeto em andamento denominado “BH TI 2022” pretende tornar Belo Horizonte a capital da tecnologia da informação nos próximos 10 anos.
O projeto foi idealizado pelas entidades que representam as empresas do setor — Fumsoft, Associação rasileira das Empresas de Tecnologia da Informação de Minas Gerais (Assespro-MG) e Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindifor-MG). Também estão envolvidos a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG) e a Fundação Dom Cabral (FDC).
Marco — O superintendente da Fumsoft, Márcio Tibo, explicou que ainda estão sendo feitos os estudos preliminares. Apesar disso, segundo ele, já foram identificados alguns pontos nos quais o projeto deverá se basear. Entre eles, está a necessidade de se criar um marco regulatório para o setor com a adoção e políticas que fomentem as empresas de TI. “Além disso, elas precisam estar em condições de competir com os concorrentes internacionais”, afirma.
Outro ponto destacado pelo superintendente da entidade é a necessidade de aumentar a capacidade de formação de mão de obra qualificada. “Isso precisa ocorrer tanto no nível técnico quanto superior”, diz. O projeto preliminar também prevê a implantação de um centro empresarial para o setor de TI.

Na RMBH estão instaladas cerca de 5 mil empresas de TI, que empregam 17 mil profissionais. O faturamento médio anual na região é de R$ 1,6 bilhão, conforme informações da Fumsoft.
Minas Gerais é o terceiro maior polo de tecnologia da informação do país, atrás de Rio de Janeiro e São Paulo. Os 8 mil estabelecimentos instalados no Estado geram uma receita anual de aproximadamente R$ 2,3 bilhões. O montante representa cerca de 5% do faturamento do setor no país, algo em torno de R$ 48 bilhões.
Centro de pesquisa é essencial
A formação de um polo tecnológico também depende da atração de investimentos em centros de pesquisas e desenvolvimento (P&D), que além de adicionar valor à economia mineira poderá melhorar a competitividade de setores importantes para o Estado, como siderurgia, mineração e indústria automotiva, através da inovação tecnológica.
De acordo com o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), Evaldo Ferreira Vilela, o governo estadual mantém um projeto para garantir novos investimentos neste segmento, denominado Programa de Atração de P&D. “Somente a secretaria irá investir R$ 30 milhões em 2012”, informa.
Além da Sectes, o projeto engloba a atuação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Com os recursos, segundo ele, o Executivo apoia a implantação de novas empresas voltadas para a inovação. Um dos exemplos, conforme ele, está a chegada da indiana Infosys na capital mineira. A empresa é uma das maiores do mundo no ramo de softwares.
BHTec — O Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), instalado na região da Pampulha, que deverá ser um dos vetores de crescimento de setores tecnológicos na Região Metropolitana de elo Horizonte (RMBH). O centro irá abrigar empresas e instituições voltadas para a inovação tecnológica e deverá totalizar investimentos de R$ 600 milhões.
A sede do parque, orçada em R$ 28 milhões, foi inaugurada recentemente. Com área de 7,5 mil metros quadrados, no edifício-sede estão instaladas ou em processo de instalação 16 empresas, que juntas vão gerar 300 empregos diretos.
No prédio funcionam também a diretoria executiva do BHTec, um miniauditório com 40 lugares, quatro salas de reuniões, cafeteria e estacionamento . Além do governo do Estado, os outros parceiros são a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), UFMG, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG). Um dos primeiros empreendimentos instalados no parque é a Siteware, que atua na área de software. Conforme o diretor da empresa, Marcello Ladeira, além os itens já oferecidos, a empresa emprega recursos para desenvolvimento de novos produtos.
Entre os pontos positivos destacados pelo empresário está o crescimento da economia, que vem impulsionando o ramo de software nos últimos anos. Ele explica que este segmento é voltado para o mercado interno e, apesar do cenário adverso na economia global, a continuidade do incremento no país resultou no fomento dos negócios. (RT)
Gargalos ainda precisam ser eliminados
Apesar das perspectivas de desenvolvimento de setores de alta tecnologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) nos próximos anos, diversos gargalos ainda precisam ser eliminados para impulsionar as empresas, principalmente no segmento de tecnologia da informação (TI).
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informaçãode Minas Gerais (Assespro-MG), Ian Santos, alerta para a necessidade de incentivos ao setor na região, que está sendo engolido por grandes companhias sediadas em outros estados e até mesmo estrangeiras.
O presidente da entidade explica que as empresas mineiras se destacam pela elevada competência técnica. Porém, o perfil desses empreendimentos é basicamente de pequenas e médias empresas, o que resulta em uma menor competitividade em relação as maiores. Dessa forma, segundo ele, é necessário um processo de consolidação para fortalecer o setor.
De acordo com ele, de certa forma, esse processo já está ocorrendo, mas está fortalecendo somente empresas
sediadas em outros estados, principalmente São Paulo, que estão adquirindo os negócios estabelecidos em Minas. Após a aquisição, geralmente, a sede destes empreendimentos são levados embora, resultando em menor geração de empregos e arrecadação de impostos em Minas.
Para mudar esse cenário, Santos defende uma maior articulação do segmento para conseguir incentivos isando o fomento do setor de TI . Conforme ele, o governo estadual, por exemplo, apesar de sinalizar apoio, não vem investindo no crescimento destas empresas.
Crédito — Outra questão levantada pelo presidente da Assespro é a necessidade de crédito para que os empresários invistam em seus negócios. Conforme Santos, as garantias exigidas pelas instituições financeiras inviabilizam o acesso às linhas de financiamento por parte dos estabelecimentos menores.
“O que a gente precisa mesmo é de capital de risco, a exemplo do que ocorre no Vale do Silício”, afirma. Na região da Califórnia, grande parte dos recursos são disponibilizados por investidores que aguardam a aturação do negócios para vendê-los, conseguindo elevadas margens de lucro.
Por outro lado, Santos destaca que mesmo com as dificuldades o setor consegue manter um crescimento significativo, em uma média de 10% ao ano. “Mas poderíamos registrar índices de até 30%, afirma.
A analista do Serviços de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Márcia Valéria Cota Machado, destaca também a necessidade de solucionar gargalos estruturais verificados em Minas Gerais para fomentar o crescimento. Entre eles está a falta de incentivos fiscais.
Por outro lado, ela informa que a Câmara Municipal de Belo Horizonte está estudando ações para fomentar o setor. A analista explica que a capital mineira poderá contar com incentivos similares ao verificados em outras capitais brasileiras, como, por exemplo, Recife (PE) e Porto Alegre (RS). (RT)
Fonte: Diário do Comércio – Economia – 9 a 11 de junho de 2012

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